sábado, 1 de setembro de 2012

As principais etapas da Primeira Guerra Mundial

Em agosto de 1914, do soldado raso até aos mais importantes dirigentes, era praticamente geral a convicção de que a guerra iria durar pouco - talvez umas semanas ou uns meses. A mobilização geral de milhões de homens e os planos estabelecidos pelos Estados Maiores pareciam impossibilitar uma guerra muito longa. Contudo, no fim do ano, depois da "corrida para o mar", os exércitos dos "Aliados" (Franceses, Ingleses e Belgas) e dos Alemães acharam-se enterrados em duas linhas de trincheiras que corriam do Mar do Norte até à fronteira suíça. A passagem da guerra de movimento a uma imprevista guerra de cerco deixou os adversários seriamente abalados. Por muito grande que fosse o potencial - cada vez maior - dos meios materiais postos em ação, todas as tentativas de rutura da frente contrária para retomar a guerra de movimento se frustravam. Além das centenas de milhares de mortos, nenhuma dessas batalhas teve resultados significativos. Em 1917, o Alto Comando Alemão persuadiu-se de que poderia ganhar a guerra desencadeando uma guerra submarina que asfixiasse a Inglaterra e a obrigasse a pedir a paz. A frota mercante inglesa sofreu perdas enormes, mas o melhoramento dos meios de luta anti-submarina e a entrada dos Estados Unidos na guerra permitiram que os Aliados resistissem. No princípio de 1918, combinadas com o uso de novas armas, as tropas americanas dariam a vantagem decisiva aos Aliados. Texto adaptado de História da Europa, Ed. Estampa, 1993.

GOETHE: ROMANTISMO

Goethe, Johann Wolfgang
 vonThe Bridgeman Art Library/Getty 
Johann Wolfgang von Goethe nasceu de uma família nobre em Frankfurt-am-Main, em 1749, e morreu em Weimar, em 1832. Tendo recebido uma educação multifacetada nos primeiros anos da sua vida, estudou Direito em Leipzig a partir de 1765. São dessa época as suas primeiras obras poéticas (canções e odes) e também o auto pastoril Caprichos do Apaixonado, que reflete o seu amor por Käthchen Schönkopf, filha de um estalajadeiro. Doença grave obriga-o a regressar a Frankfurt em 1768, mas pouco depois retoma em Estrasburgo os seus estudos universitários, que completa em 1771.Influenciado pelo escritor e filósofo alemão Johann G. Herder (1744-1803), Goethe volta-se para o irracionalismo do movimento literário e artístico designado por Sturm und Drang, evidenciando especial interesse pela poesia popular, pelos poetas da Antiguidade (Homero, Píndaro, Ossian) e pela obra poética do dramaturgo inglês William Shakespeare (1554-1616), assim como pelo estudo da arte gótica.São dessa época os ensaios Shakespeare (1771) e Da Arte Alemã (1773). Os seus amores pela filha do pároco de Sessenhein (Alsácia) foram a origem das poesias líricas Canção de Maio, Boas-Vindas e Despedida. Também a ligação amorosa de Goethe com Charlotte Buff, noiva do secretário da embaixada, inspira poesias líricas, como Prometeu, Ganimedes e Cântico de Maomet; são também dessa época os poemas dramáticos Goetz von Berlichingen, Deuses, Heróis e Wieland, o poema épico O Judeu Errante, o poema dramático Clavigo (1774) e o romance epistolar e sentimental Os Sofrimentos do Jovem Werther, que é um espelho dos amores de Goethe com Charlotte Buff e que, em breve, alcança renome internacional. A viagem à Suíça com os condes de Stolberg ocasiona o seu encontro com Carlos Augusto, o duque de Weimar, que convida Goethe para a sua corte, onde, a partir de 1776, passa a desempenhar as funções de conselheiro, e mais tarde, as de ministro de Estado. Das relações de amizade que então trava com Charlotte von Stein, sete anos mais velha do que ele, e da influência poderosa que dela recebe no sentido do seu amadurecimento espiritual são prova as suas próximas obras, que incluem dramas para o teatro de amadores e os poemas líricos Ilmenau, Viagem de Inverno ao Harz, Cântico dos Espíritos sobre as Águas, A minha Deusa, O Cantor, À Lua, a versão em prosa de Ifigénia (1779) e o começo do romance Wilhelm Meister. Nos anos de 1779 e 1780 acompanha o duque Carlos Augusto na segunda viagem à Suíça, de que nasceram as Cartas da Suíça. No outono de 1786 inicia a sua viagem à Itália, com estadia longa em Roma e uma deslocação à Sicília. Durante dois anos trava contacto aturado com a arte antiga e a arte italiana, o que provoca a sua atenção especial e o seu interesse definitivo pelo Classicismo, onde ressaltavam as ideias da humanidade e o esforço pela harmonia. O período fecundo que sucedeu à sua viagem à Itália foi marcado pelo aparecimento das seguintes obras: versão em verso da tragédia Ifigénia (1787); Egmont (1788), uma das suas melhores obras dramáticas; o drama psicológico Tasso, que tanto tem de autobiográfico, e o Fausto - Um Fragmento (1890). Goethe estabelece-se então em Weimar, dispensado já do exercício de funções públicas, com exceção da direção de instituições artísticas e científicas. Goethe mantém uma ligação amorosa com Cristiane Vulpius ao longo de vários anos, durante os quais publica, com reflexos dessa ligação, Idílios Romanos (1795) e Epigramas Venezianos. Em 1794 anuncia em público, em Jena, a sua amizade com Fiedrich Schiller (1759-1805) e a colaboração estreita entre os dois poetas, de modo especial quanto à criação de um teatro nacional e a assuntos de grande interesse para a literatura. Publica, em 1796, o romance didático Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister, a que se seguem a epopeia idílica, em verso, Hermann e Dorothea (1797) e a tragédia Filha Natural (1803). Entretanto, permanentemente estimulado por Schiller, dá seguimento aos trabalhos relativos à continuação do Fausto. Em 1806 casa com Cristiane Vulpius e, em 1809, publica Afinidades Eletivas, em que descreve, na personagem Ofélia, a sua bem-amada Minna Herzlieb, à qual se refere também nos Sonetos publicados, mais tarde, em 1815. Começa então a preocupação de Goethe pela sua própria evolução biográfica e espiritual, e publica A Minha Vida, Ficção e Verdade e Viagem à Itália em 1814. Como resultado da sua viagem ao Reno e ao Meno, aparece em 1814-15 a coletânea lírica O Divã Ocidental e Oriental. Em 1821 publica a primeira parte de Anos de Peregrinação de Wilhelm Meister, que, com os elementos líricos, novelísticos e aforísticos que enriquecem esta obra, representa o trabalho que o homem, nas suas próprias limitações, realiza para a comunidade, e constitui o tema principal da segunda parte da grande obra da idade avançada do poeta, o Segundo Fausto, que viria a ser publicado em 1832, ano da sua morte. A última inclinação amorosa de Goethe, já no 74.° ano da sua vida, pela jovem de 19 anos Ulrike von Levetzow não foi correspondida, circunstância a que se alude na Trilogia da Paixão, publicada em 1827. Goethe passa os últimos anos da sua vida a reexaminar e ordenar as suas obras. Escritor de admirável elegância de estilo e de grande poder imaginativo, além de ser um pensador profundo, Goethe abraçou um vasto conjunto de conhecimentos e de interesses humanos. Para a Alemanha, que nos séculos XVI e XVII não tinha ainda beneficiado do movimento da Renascença, Goethe constituiu, sozinho, uma Renascença completa. Para o resto do mundo foi um dos génios mais ricos e poderosos da Humanidade. Morreu em Weimar, com 83 anos, aureolado pela admiração universal. ver definição de grande...

POSITIVISMO

Sistema filosófico estabelecido por Auguste Comte na França do século XIX e exposto em livros como o Curso de Filosofia Positiva ou o Curso de política positiva. 
Tem como ponto de base fundamental a ideia de que a filosofia deve ser concreta e não abstrata, quer dizer, deve tratar de factos. 
Segundo a doutrina proposta por este autor os conhecimentos científicos passaram ao longo da história por três fases ou estados, do mesmo modo que acontece com os indivíduos particulares; é a chamada "lei dos três estados". 
O primeiro é o "estado teológico" ou fictício, é uma base provisória na qual o ser humano atribui as causas dos fenómenos, num primeiro momento, a poderes mágicos (o "fetichismo"), num segundo momento a deuses (o "politeísmo") e, finalmente, num terceiro momento, a Deus (o "monoteísmo"). 
O estado teológico corresponde à infância do ser humano. Segue-se o "estado metafísico" ou abstrato, no qual o homem continua a procurar as causas do mundo material, atribuindo-as já não a Deus, mas a entidades abstratas, reunidas sob o conceito de natureza. Finalmente, no "estado positivo", o último, o ser humano limita-se a observar os factos; em vez de imaginar as causas limita-se a observar as leis. 
A progressão da sociedade é feita através do mesmo esquema triádico: num primeiro momento a sociedade é sobretudo dominada pelos militares, depois pelos legisladores e, finalmente, pela indústria e pela economia. 
Num estranho e durável devaneio Comte propôs uma nova religião que pretendia substituir a católica, é a "religião positiva", em tudo semelhante à católica com uma diferença abissal: o Deus culturado não é o Deus transcendente mas a própria humanidade. 
Augusto Comte chegou mesmo a definir os templos, os sacramentos, as qualidades requeridas para se ser sacerdote, os ritos, o calendário e o tipo de estátuas.
 O culto estabelecer-se-ia de três modos: um culto pessoal através da adoração da mulher, na pessoa da mãe, da esposa e da filha; outro culto seria o doméstico: aos 14 anos a criança era iniciada, aos 21 admitida, aos 28 recebe o destino, aos 42 o casamento, aos 63 o retiro, depois a transformação (a morte) e, após sete anos, a reintegração no "Grande Ser"; havia ainda o culto público ao "Grande Ser". 
O positivismo teve uma grande aceitação, mas também inúmeros adversários. Ultrapassou as fronteiras francesas, embora com nuances consideráveis, e chegou à Inglaterra (por exemplo John Stuart Mill), à Alemanha (o naturalismo de Haeckel e o empiriocriticismo de Avenarius), ao Brasil (o positivismo ortodoxo de Miguel Lemos e Teixeira Mendes) e a Portugal (por exemplo Teófilo Braga).

I GUERRA MUNDIAL: ANTES -DURANTE E DEPOIS

CONSTITUIÇÃO

A Constituição é a lei fundamental que regula os direitos e garantias dos cidadãos e define a organização política de um Estado. É, assim, a estrutura jurídica basilar de um determinado país - embora haja países que não têm Constituição, assentando as suas estruturas em normas jurídicas organizadas de outras maneiras. Há ainda diferenças entre as constituições dos diversos países, que variam na sua extensão e abrangência, ora tendo maior precisão e desenvolvimento, ora deixando mais matéria para as leis ordinárias. Na medida em que os preceitos constitucionais são a referência de todo o sistema político de um Estado, as leis ordinárias são-lhes subordinadas e não podem contradizê-los nem alterá-los. A conformidade das leis ordinárias à Constituição é salvaguardada por órgãos competentes (no caso português, na atualidade, pelo Tribunal Constitucional) e a revisão do diploma fundamental tem que obedecer a determinadas formalidades, definidas na própria Constituição. A História das constituições portuguesas revela as vicissitudes dos regimes políticos em que o País viveu desde o início do século XIX. A primeira Constituição data de 1822. Foi aprovada em Cortes na sequência da Revolução de 1820 e jurada pelo rei D. João VI. Apesar do seu curto tempo de vigência, esta Constituição foi marcante pelo seu espírito liberal: consagrava determinados direitos dos cidadãos e o princípio da separação dos poderes; instituía um Parlamento unicameral, eleito de dois em dois anos; sobretudo, constituía uma manifestação de soberania da nação perante o rei - é da nação que emana a autoridade real e a nação, através do seu órgão legislativo que são as Cortes, pode mesmo impor ao rei as leis do Estado e as opções de governo. Elaborada na sequência da Revolução de setembro de 1836, a Constituição de 1838 foi jurada por D. Maria II. Ao mesmo tempo que instituía um sistema bicameral e preconizava a descentralização administrativa, esta Constituição devolvia ao soberano poderes que a anterior lhe retirara: consagrava a eficácia do veto do rei e dava-lhe algumas competências executivas e capacidade para dissolver as Cortes e nomear e demitir ministros. A Constituição de 1838 esteve em vigor até 1842. Só no ano seguinte à revolução de 5 de outubro de 1910 foi aprovada uma nova Constituição, onde formalmente se aboliu o regime monárquico e decretou a República democrática. A Constituição definia quais eram os órgãos componentes do Estado republicano (Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado, etc.) e consagrava alguns dos preceitos norteadores da nova ordem pública, como a extinção dos privilégios de nascimento, a obrigatoriedade e gratuitidade do ensino primário e a dissolução das congregações religiosas. A Constituição de 1911 foi revista em 1915 e de novo em 1919-1920. Esteve suspensa durante o consulado de Sidónio Pais e foi suspensa definitivamente após o golpe militar de 1926. Novo texto constitucional foi plebiscitado em 1933. Foi o texto que institucionalizou e suportou as estruturas do Estado Novo. Traduzia um projeto político de nacionalismo corporativo: no plano dos princípios, estabelecia o autoritarismo do Estado sobre a noção (liberal) de autonomia do indivíduo; concedia ao Estado grande poder de intervenção na organização económica e social; consagrava o imperialismo colonial português; criava uma Assembleia Nacional e, com capacidade apenas consultiva, uma Câmara Corporativa, ao mesmo tempo que reforçava a capacidade legislativa e executiva do Governo (com o que a vocação parlamentarista do regime anterior se via quase totalmente apagada). Em 1976 foi aprovada uma nova Constituição, que estabeleceu o Estado de direito democrático, dando pois consagração constitucional à revolução de 25 de abril de 1974. Foi nesta Constituição que ficaram definidas as linhas gerais do sistema político português atual. No texto de 1976, a Constituição tinha marcas do momento histórico em que emergiu - por exemplo, criava o Conselho da Revolução, um órgão de acompanhamento do processo de instauração da democracia, e apontava para a nacionalização de determinados setores da vida económica. Aspetos como estes vieram a ser alterados em revisões constitucionais posteriores. Outras inovações importantes, porém, permaneceram, como foi o estabelecimento das regiões autónomas dos arquipélagos atlânticos.

REVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

No século XVIII/XIX assiste-se a uma autêntica revolução demográfica, que é visível principalmente na Europa. Esta mudança foi operada devida a diversos fatores, entre os quais os avanços da medicina, o desenvolvimento da indústria e da agricultura, a alteração de mentalidades.A nível da medicina, talvez o maior contributo tenha sido a vacinação e a adoção de alguns métodos anticoncecionais (ainda que estes métodos sejam mais evidentes nas classes mais altas). Estes avanços traduziram-se por uma redução da mortalidade infantil contribuindo para uma maior esperança de vida. Neste período assistimos também a um aumento da taxa de natalidade, reflexo da redução da idade média de casamento (como consequência das melhorias de condições de vida). Os progressos operados na agricultura, com a introdução da mecanização e consequente aumento das produções e, portanto, da quantidade de alimentos, bem como a eclosão da Revolução Industrial foram também decisivos para esta mudança.

TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

As alusões à transição demográfica referem-se essencialmente às tentativas de explicação para as transformações operadas nas populações dos países industrializados, entre meados do século XIX e meados do século XX. Efetivamente, num processo que, grosso modo, se estende por cerca de um século, esses países passaram de uma situação demográfica caracterizada pela existência de um quase paralelismo entre altas taxas de mortalidade e altas taxas de natalidade, em que a mortalidade funcionava como uma espécie de mecanismo regulador dos avanços e recuos das populações, para uma outra situação oposta, isto é, caracterizada pela existência de um quase paralelismo entre baixas taxas de mortalidade e baixas taxas de natalidade. Adolphe Landry foi o primeiro a expor, nos anos 30 do século XX, uma teoria sobre estas mudanças demográficas, sob a designação de Transição Demográfica, e que, nas décadas seguintes, teve largo desenvolvimento. Mas a Transição Demográfica oferece uma explicação redutora sobre a evolução destas populações, nomeadamente porque apenas tem em conta a natalidade e a mortalidade a partir dos cálculos das taxas brutas (que são, sempre, medidas grosseiras de avaliação, uma vez que entram em linha de conta com toda a população), deixando de fora aspetos importantes ligados, por um lado, às migrações e, por outro, às questões de natureza económica e social, como a participação das mulheres no mundo do trabalho ou a nupcialidade. Seja como for, as transformações descritas, que, numa primeira fase, se saldaram pelo crescimento em contínuo das populações envolvidas, para, posteriormente, estacionarem e mesmo regredirem nesse crescimento, não se efetivaram nos espaços menos desenvolvidos ou no que se chama mundo subdesenvolvido ou, ainda, Terceiro Mundo. Aí continua a nascer muita gente e continua também a morrer muita gente, mas a um ritmo menor que a reprodução. De facto, após a Segunda Guerra Mundial, pela ajuda internacional, a mortalidade, nestes espaços, tem vindo a diminuir, sem as devidas compensações de uma diminuição da fecundidade, o que tem conduzido a um crescimento sem paralelo dessas populações e, por consequência, da população de todo o planeta. Esta circunstância tem feito reacender o debate sobre a velha questão malthusiana do necessário equilíbrio entre a população e os recursos, debate fomentado sobretudo pelas Nações Unidas nas conferências internacionais sobre a população que, de dez em dez anos, se vêm realizando desde 1954.